Poesia Viva – poeta homenageada na Balbúrdia PoÉtica 10 – Dia 12 de julho das 14 às 19h – Casa da Palavra – Praça do Carmo, 171 – Santo André-SP
*
Dalila Teles Veras Nascida em Portugal, vive no Brasil desde a infância. Escritora, editora e ativista cultural. Publicou mais de duas dezenas de livros nos gêneros poesia, crônica e ensaio. tempo em fúria, 2019, a mulher antiga, 2017; SETENTA anos poemas leitores, poemas escolhidos por 70 leitores por ocasião dos seus 70 anos, 2016, solidões da memória, 2015 e estranhas formas de vida, 2013, os mais recentes, todos de poesia. Dentre outros, publicou dois livros reunindo crônicas publicadas na imprensa diária (A vida crônica e As artes do ofício) e dois diários (Minudências e Diuturnos). Dirige a Alpharrabio Livraria, Editora e Espaço Cultural, em Santo André – SP, desde 1992. Integra, pelo 4º mandato, o Comitê de Extensão e Cultura da UFABC (Universidade Federal do ABC), representando a comunidade externa.
dalila@alpharrabio.com.br /
www.dalila.telesveras.nom.br
http://dalilatelesveras.blogspot.com/
sonho (re)corrente
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Naufrágio, Cecília Meireles
um rio, estreito e veloz
:
na superfície, aconchegada
(líquido conforto)
eu mesma, barco
nele navego
tudo é sensação e velocidade
as margens próximas
(quase tocáveis)
a paisagem borrada
(não há contemplação
nem há tempo)
corre o rio, corro com ele
rua lamacenta
agora, o rio
nítida, a paisagem
(desolação)
onde recomeça o rio?
muito distante daqui
dizem-me
sem mensurar distâncias
nem me olhar nos olhos
(“estranhas formas de vida”, Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)
vias oblíquas
depois que a mulher voejou
levando consigo a
claridade dos cômodos e
décadas coabitadas, o
marido, no escuro
ensimesmado
deixou o cabelo crescer, o
mato tomar conta dos
canteiros, o
pó cobrir móveis e assoalhos
sete luas após a mulher
levar consigo a sonoridade
da alcova, o marido
às claras e resoluto
reagiu
engaiolou dez pássaros e
registrou em cartório o
certificado de propriedade
dos novos moradores
(garantia do controle de vôos e
ingresso permanente a
concertos privados)
“estranhas formas de vida”, (Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)
o neto e o avô
lentos, seguem
os pequeninos pés
dos grandes pés ao lado
inseguros e próximos
em seu início o primeiro
o outro no seu final
sabem-se (?), ambos, reféns
da inexorável marcha e
(des)cuidados alheios
“estranhas formas de vida”, (Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)
Dois Poemas Inéditos, do livro ‘Tempo em Fuga”, a sair
ausência
teu nome bordado
enxuga-me o corpo
doído de ausência
o cheiro de sol
e gosto de alfazema
lembram
não mais agasalham
uma casa segue
teimosamente
igual, enganosamente
igual, sem a alma
nem as mãos que
um dia a arquitetaram
no vazio, a
evocação da presença
as marcas da presença
e a opressão dos objetos
sem o sentido original
plantas, móveis, louças
não mitigam saudades
nem preenchem
ausências
uma casa segue
teimosamente
à busca
de quem não mais
capacidade de abstração
ou pontos de vista
criança
pacientemente
acompanhava
o caminhar das formigas
lagartixas, lesmas
coisas e seres
rasteiros
o universo circunscrito
ao alcance da vista
sem metafísica ou subjetivismo
(conhecer era
concretamente
ver)
provecta
pelas nesgas permitidas
espia o firmamento
na cidade que o nega
desejos de amplidão
recria o que vê
escreve e projeta
além do visto
Dalila Teles Veras Nascida em Portugal, vive no Brasil desde a infância. Escritora, editora e ativista cultural. Publicou mais de duas dezenas de livros nos gêneros poesia, crônica e ensaio. tempo em fúria, 2019, a mulher antiga, 2017; SETENTA anos poemas leitores, poemas escolhidos por 70 leitores por ocasião dos seus 70 anos, 2016, solidões da memória, 2015 e estranhas formas de vida, 2013, os mais recentes, todos de poesia. Dentre outros, publicou dois livros reunindo crônicas publicadas na imprensa diária (A vida crônica e As artes do ofício) e dois diários (Minudências e Diuturnos). Dirige a Alpharrabio Livraria, Editora e Espaço Cultural, em Santo André – SP, desde 1992. Integra, pelo 4º mandato, o Comitê de Extensão e Cultura da UFABC (Universidade Federal do ABC), representando a comunidade externa.
dalila@alpharrabio.com.br /
www.dalila.telesveras.nom.br
http://dalilatelesveras.blogspot.com/
sonho (re)corrente
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Naufrágio, Cecília Meireles
um rio, estreito e veloz
:
na superfície, aconchegada
(líquido conforto)
eu mesma, barco
nele navego
tudo é sensação e velocidade
as margens próximas
(quase tocáveis)
a paisagem borrada
(não há contemplação
nem há tempo)
corre o rio, corro com ele
rua lamacenta
agora, o rio
nítida, a paisagem
(desolação)
onde recomeça o rio?
muito distante daqui
dizem-me
sem mensurar distâncias
nem me olhar nos olhos
(“estranhas formas de vida”, Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)
vias oblíquas
depois que a mulher voejou
levando consigo a
claridade dos cômodos e
décadas coabitadas, o
marido, no escuro
ensimesmado
deixou o cabelo crescer, o
mato tomar conta dos
canteiros, o
pó cobrir móveis e assoalhos
sete luas após a mulher
levar consigo a sonoridade
da alcova, o marido
às claras e resoluto
reagiu
engaiolou dez pássaros e
registrou em cartório o
certificado de propriedade
dos novos moradores
(garantia do controle de vôos e
ingresso permanente a
concertos privados)
“estranhas formas de vida”, (Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)
o neto e o avô
lentos, seguem
os pequeninos pés
dos grandes pés ao lado
inseguros e próximos
em seu início o primeiro
o outro no seu final
sabem-se (?), ambos, reféns
da inexorável marcha e
(des)cuidados alheios
“estranhas formas de vida”, (Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)
Dois Poemas Inéditos, do livro ‘Tempo em Fuga”, a sair
ausência
teu nome bordado
enxuga-me o corpo
doído de ausência
o cheiro de sol
e gosto de alfazema
lembram
não mais agasalham
uma casa segue
teimosamente
igual, enganosamente
igual, sem a alma
nem as mãos que
um dia a arquitetaram
no vazio, a
evocação da presença
as marcas da presença
e a opressão dos objetos
sem o sentido original
plantas, móveis, louças
não mitigam saudades
nem preenchem
ausências
uma casa segue
teimosamente
à busca
de quem não mais
capacidade de abstração
ou pontos de vista
criança
pacientemente
acompanhava
o caminhar das formigas
lagartixas, lesmas
coisas e seres
rasteiros
o universo circunscrito
ao alcance da vista
sem metafísica ou subjetivismo
(conhecer era
concretamente
ver)
provecta
pelas nesgas permitidas
espia o firmamento
na cidade que o nega
desejos de amplidão
recria o que vê
escreve e projeta
além do visto
além do prazo
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Balbúrdia PoÉtica https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/
BalBúrdia PoÉtica 10
Poesia Ali Na Mesa
Casa da Palavra – Santo André-SP
Dias 12 de julho das 14 às 19h
Praça do Carmo, 171
Curadoria:
Artur Gomes, Cesar Augusto de Carvalho, Julio Mendonça, Jurema Barreto e Silvia Helena Passarelli
Homenagens:
Poesia Viva: Dalila Teles Veras
a memória de Antônio Possidônio Sampaio, Francis de Oliveira e Wilma Lima
exposição - livros - roda de conversa - performances - homenagens
*
Balburdiar : Eis O Verbo
Balbúrdia significa desordem barulhenta; vozearia, algazarra, tumulto. É isso que se propõe realizar na Casa da Palavra, em Santo André, em 12 de julho.
Projeto do multiartista Artur Gomes que passa por diversas cidades brasileiras, especialmente no eixo Rio – São Paulo, a Balbúrdia Poética chega a Santo André propondo ser um local de reflexões, trocas e muita poesia.
Poetas confirmados:
Abel Coelho + Ademir Demarchi + Alessandro de Paula + Antonio Carlos Pedro +Armando Liguori Jr. + Arnaldo Afonso + Augusto Contador Borges + Beth Brait Alvim + Betty Vidigal + Carlos Galdino + Carolina Montone + Cleber Baleeiro + Décio Scaravelli + Danihell TW + Dilène Barreto + Dione Barreto + Elcio Fonseca +Franklin Valverde + Urbanista Concreto + Ieda Estergilda Abreu + Ingrid Morandian + Jane Arruda de Siqueira + Julio Bittar + Junior Belle + Luisa Silva de Oliveira + Luiz Henrique Gurgel + Marcelo Brettas + Marise Hansen + Paulino Alexandre + Remisson Anicetto + Roberto Bicelli + Rosana Venturini + Roza Moncayo + Vera Barbosa + Vlado Lima
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes – instagram
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Casa da Palavra
Aconchego de vozes
gentes, livros vivos.
Jardins de palavras
germinando das bocas
as paredes impregnadas
da vontade de reunir
seduzir, alimentar
a poesia de todo dia.
A Casa vibra
melodia de encontros.
O que há de vermelho no mundo?
para Marielle Franco
e Anderson Gomes
O que há de vermelho no mundo?
Sol nascendo num horizonte oceânico
as rosas no jardim do vizinho
a rua de hibiscos e tulipas-africanas.
Sedosas maçãs, caquis, tomates
brilhando na feira de domingo.
A escultura sinuosa de Tomie Ohtake
ora infinito, ora fita ao vento.
O deserto de Atacama ao entardecer.
Bandeiras tremulando indignadas.
Terras férteis onde o café
amadurece seus grãos.
O sorriso encarnado da moça
o lenço na cabeça, o sonho.
O rastro de fogo e ódio
que sai da arma e entra
na pele morena e na pele branca
tingida em sangue e silêncio.
Atração
Caminho cuidadosa entre os livros
que não são meus, por hora.
Fito-os com flerte de enamorada
insinuo-me desinteressada
espero que um deles me chame
com seu silêncio cheio de significados.
Inquietude voraz de novas aventuras
novas palavras que venham somar-se
na construção desta teia
onde capturo eternidades.
Caminho cuidadosa entre os livros
que me sussurram carícias
estremeço delícias e arrepios.
Um livro que não seja sombrio,
que faça promessas e as cumpra,
acordando, deste sono provisório,
a vontade sincera de viver.
Dádiva
Amo as palavras
que resistem à força
diabólica do tempo,
secam as garrafas de vinhos nobres.
Estranhas criaturas de fúrias e carícias
me invadem poros e narinas, as palavras.
Levo nas unhas o sangue e a pele
das metáforas dilaceradas.
O esquecimento é dádiva negada.
Mortifico-me buscando cheiros,
sabores, desenhos, sensações,
a palavra que sedimentará o verso.
Amo as palavras
que emprestam o grito à dor
o calor à paixão
a vida às imagens mortas e frias.
Torno-me eterna
artesã que não descansa a mão
não sossega a memória.
Vigio dia após dia,
amamento palavras exiladas
chegadas
sinuosas e em desespero
que encontram seu lugar
no tear de emoções
e descansam no poema.
O futuro é infinito recomeço.
Jurema Barreto de Souza
(in Silêncio Escrito – 2024)
*
Na lona
Quando ele me morde a nuca
arrepio salto mortal
garras, kama sutra, tigre do Nepal.
Nesta hora nem sei se há tigres
nem onde é o Nepal, tudo circo
domador e domada, cinqüenta graus.
Toda rima é casual
contorcionista, de ponta cabeça
o mundo parece que é normal.
Maçã do amor, lambuzada
a boca fresca de água recente
indecente sorri do perigo
do grito, só mágicas, sem mitos.
Uma bailarina suspensa
no arco invisível que salta
sobre o cavalo branco
em círculos na serragem do tempo.
Trapezista confio na mão do artista
no espaço vazio a cada momento
sou outra para que ele tenha
em mim todas as mulheres.
Os meus livros
Os meus livros me conhecem
pelo tato quando os toco
arrepiando suas páginas
como um gato fiel a casa,
casa que sou das palavras
das histórias que li de outros
dos poemas que escrevi de mim.
Os meus livros me olham
quando entro na sala
e sabem que os amo no silêncio
passando os dedos por suas lombadas.
Os meus livros passaram comigo
pelas provas de fogo da vida
pelas angustias de crescer.
Janelas, me deram paisagens.
Oráculos, me deram respostas.
Naves, me deram viagens interestelares
e fugas mágicas rumo a alegria.
Meus livros que me conhecem
impregnados estão da minha vida
aqueles que li e os que escrevo
darão, a quem interessar possa,
breves notícias de mim.
Jurema Barreto de Souza
(in Policromia – 2010)
*
Sonhos com búfalos
eram sonhos com búfalos as conversas largadas
no meio da noite
o peito incrustado de palavras calcando passos
os vizinhos do andar de cima
da janela, ar abafado
os rumores de buzinas atravessando a pele
os dedos tateando o carpete, cigarro?
o peito incrustado de palavras calcando passos
eram sonhos com búfalos as conversas
largadas no meio da noite
os vizinhos do andar de cima andam de um lado para o outro
gargalham
a cabeça rodopia com versos e tonalidades quebradas
tento vociferar, a voz treme
risco na lousa o meu nome
a letra entorta e não cabe no quadro negro
assim como não cabem nossas sentenças no caderno
mesmo que eu dobre todas as vírgulas
há invernos por entre as pernas impedem nosso caminhar
os vizinhos do andar de cima silenciam
escrevo para eles sobre o voo da gaivota,
no último verão vi a ave assinalar o céu
e despertou o riso de dentro,
vi o riso
escrevo para que saibam,
recebi o ramalhete e o vinil
adormeci segurando o copo
soletro na escuridão todos os poemas
escritos nas paredes, todos os versos arrancados
tentei disfarçar as estrofes sobre o amor
os pigmentos de rimas e algumas tolices
não creio no verso todo poderoso
cansada das histórias desbotadas
e continuar o (r)existir e o chiado da vitrola
o silêncio se aninha nos tacos da sala
mais uma noite insone
os vizinhos do andar de cima aguardam
*
Mais uma vez insone
contou no teto 21 noites insones
os riscos traçados nas paredes
não traduziam os tumultos da mente
no breviário das horas
o louvor à algum deus
os poucos telefonemas e cartas
recendiam a lembranças
toda a tarde o silvo do trem
dilaceramento das palavras no dia desbotado
inteiramente só
no cerne do meu quarto os papéis enferrujados
viver por inteiro é esgotar-se
derrubar os muros de dentro
permanência
todos os relógios param as 17h
todas as vírgulas suspensas as 17h
quarto inabitado, aprendizado aos 50
uma casa esconde o mistério das mãos
na pauta da noite ainda somos pequenos demais
para acreditar
*
A casa vazia
farta de tentar decifrar tua mudez,
apeteci teus olhos tão azuis
o cascalho do coração criou um precipício,
mergulhei na vertigem da caminhada,
escadas e labirintos
negaste a palavra primeira
negaste a força
que proporia um movimento seguro
negaste o primeiro passo
e o corpo na derradeira travessia
a casa castiga todas as penitências
somadas nas paredes
lembra dos discos que trouxemos?
hoje, guardados no armário da memória
a duração dos dias e noites revelaram
o quão inquebrável é o amor
o lado continental da casa
abriga grãos de conversas e cartões postais
há de se esvaziar do todo
existem as falésias
que cobrem o meu rosto,
o mesmo rosto
que reflete nos teus olhos a desordem
*
Os Montes
permitiste que o oráculo fechasse as portas dos olhos,
somente Deus poderia desfazer a xilogravura da parede
a gravura retrata as lavadeiras de Minas, a terra dos Montes
as mãos das lavadeiras transpõem a corredeira vinda do povoado
migram teu corpo translúcido para o cativeiro
descalça, confabulo com o misticismo das águas das lavadeiras
não ouço os gritos nos montes,
com o chamado do boiadeiro foi-se a lucidez do dia,
as lavadeiras vão embora
imagens de uma memória: casas pequenas, o olhar vago
materno rasgando por dentro
nos meus escritos me liberto
o silêncio desintegra os diálogos da minha irmã
o silêncio mimetiza os dedos da mãe morta
Ingrid Morandian
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Balbúrdia PoÉtica
https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/
*
Medo
Não espere de mim
um sorriso a todo instante.
Não tenho o que oferecer
além das palavras mudas
que meus lábios de ferro hospedam.
O medo inóspito dentro do coração.
O medo meu Deus, quanto medo!
Do resfolegar do vento nas folhas
do ladrar medroso dos cães
nas ruas escuras.
O medo de desarmar-me das palavras
que machucam e ferem
como braços de sombras empunhando
espadas e coronhas cavalgando
em meus olhos medrosos
fixos, em algum lugar do céu.
Gestação
Gestamos as palavras
crescemos
nos gestos podados
na relva umedecida
de nossa pele açoitada.
Silenciamos nossos sentimentos
sob o chicote das palavras
marcamos nossos ombros estreitos.
Crescemos
assim, infestados
de traças, trapaças, mazelas.
Gestamos dentro de nós
a força única da palavra
que embora não dita
há de vigorar.
Não sou uma estrela
Não sou uma estrela
tampouco
espaireço ou pairo no ar.
A glória é ter o dom da palavra
escrita e desprezada
no túmulo entreaberto
que expele ares fétidos
do caderno embolorado.
Mortes, sortes, anseios,
Seios trêmulos de quem?
Emoções? Nenhuma.
As palavras me eternizam.
Maldigo os dias, praguejo as noites
crendo e descrendo
dos poucos poderes divinos.
Acomodo-me na incapacidade
na cidade, no bairro
e todos os gestos são mudos.
Permaneço estarrecida ao olhar-me
cara a cara
e perceber que permaneço
imbecilmente humana.
Somente.
Francis de Oliveira
In coletânea IV Subvertida Palavra
Edições Livrespaço - 1988
*