quarta-feira, 2 de julho de 2025

Balbúrdia PoÉtica 10 - Casa da Palavra - Santo André-SP

  Dalila Teles Velas

Poesia Viva – poeta homenageada na Balbúrdia PoÉtica 10 – Dia 12 de julho das 14 às 19h – Casa da Palavra – Praça do Carmo, 171 – Santo André-SP

*

Dalila Teles Veras Nascida em Portugal, vive no Brasil desde a infância. Escritora, editora e ativista cultural. Publicou mais de duas dezenas de livros nos gêneros poesia, crônica e ensaio. tempo em fúria, 2019, a mulher antiga, 2017; SETENTA anos poemas leitores, poemas escolhidos por 70 leitores por ocasião dos seus 70 anos, 2016, solidões da memória, 2015 e estranhas formas de vida, 2013, os mais recentes, todos de poesia. Dentre outros, publicou dois livros reunindo crônicas publicadas na imprensa diária (A vida crônica e As artes do ofício) e dois diários (Minudências e Diuturnos). Dirige a Alpharrabio Livraria, Editora e Espaço Cultural, em Santo André – SP, desde 1992. Integra, pelo 4º mandato, o Comitê de Extensão e Cultura da UFABC (Universidade Federal do ABC), representando a comunidade externa.

dalila@alpharrabio.com.br /
www.dalila.telesveras.nom.br
http://dalilatelesveras.blogspot.com/


sonho (re)corrente

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Naufrágio, Cecília Meireles

um rio, estreito e veloz
:
na superfície, aconchegada
(líquido conforto)
eu mesma, barco
nele navego

tudo é sensação e velocidade
as margens próximas
(quase tocáveis)
a paisagem borrada
(não há contemplação
nem há tempo)

corre o rio, corro com ele

rua lamacenta
agora, o rio
nítida, a paisagem
(desolação)

onde recomeça o rio?
muito distante daqui
dizem-me
sem mensurar distâncias
nem me olhar nos olhos

(“estranhas formas de vida”, Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)


vias oblíquas

depois que a mulher voejou
levando consigo a
claridade dos cômodos e
décadas coabitadas, o
marido, no escuro
ensimesmado
deixou o cabelo crescer, o
mato tomar conta dos
canteiros, o
pó cobrir móveis e assoalhos

sete luas após a mulher
levar consigo a sonoridade
da alcova, o marido
às claras e resoluto
reagiu
engaiolou dez pássaros e
registrou em cartório o
certificado de propriedade
dos novos moradores
(garantia do controle de vôos e
ingresso permanente a
concertos privados)

“estranhas formas de vida”, (Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)


o neto e o avô

lentos, seguem
os pequeninos pés
dos grandes pés ao lado

inseguros e próximos
em seu início o primeiro
o outro no seu final

sabem-se (?), ambos, reféns
da inexorável marcha e
(des)cuidados alheios

“estranhas formas de vida”, (Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)


Dois Poemas Inéditos, do livro ‘Tempo em Fuga”, a sair

ausência

teu nome bordado
enxuga-me o corpo
doído de ausência

o cheiro de sol
e gosto de alfazema
lembram
não mais agasalham

uma casa segue
teimosamente
igual, enganosamente
igual, sem a alma
nem as mãos que
um dia a arquitetaram

no vazio, a
evocação da presença
as marcas da presença
e a opressão dos objetos
sem o sentido original

plantas, móveis, louças
não mitigam saudades
nem preenchem
ausências

uma casa segue
teimosamente
à busca
de quem não mais


capacidade de abstração
ou pontos de vista

criança
pacientemente
acompanhava
o caminhar das formigas
lagartixas, lesmas
coisas e seres
rasteiros

o universo circunscrito
ao alcance da vista
sem metafísica ou subjetivismo
(conhecer era
concretamente
ver)

provecta
pelas nesgas permitidas
espia o firmamento
na cidade que o nega

desejos de amplidão
recria o que vê
escreve e projeta
além do visto

além do prazo 

Dalila Teles Veras Nascida em Portugal, vive no Brasil desde a infância. Escritora, editora e ativista cultural. Publicou mais de duas dezenas de livros nos gêneros poesia, crônica e ensaio. tempo em fúria, 2019, a mulher antiga, 2017; SETENTA anos poemas leitores, poemas escolhidos por 70 leitores por ocasião dos seus 70 anos, 2016, solidões da memória, 2015 e estranhas formas de vida, 2013, os mais recentes, todos de poesia. Dentre outros, publicou dois livros reunindo crônicas publicadas na imprensa diária (A vida crônica e As artes do ofício) e dois diários (Minudências e Diuturnos). Dirige a Alpharrabio Livraria, Editora e Espaço Cultural, em Santo André – SP, desde 1992. Integra, pelo 4º mandato, o Comitê de Extensão e Cultura da UFABC (Universidade Federal do ABC), representando a comunidade externa.

dalila@alpharrabio.com.br /
www.dalila.telesveras.nom.br
http://dalilatelesveras.blogspot.com/


sonho (re)corrente

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Naufrágio, Cecília Meireles

um rio, estreito e veloz
:
na superfície, aconchegada
(líquido conforto)
eu mesma, barco
nele navego

tudo é sensação e velocidade
as margens próximas
(quase tocáveis)
a paisagem borrada
(não há contemplação
nem há tempo)

corre o rio, corro com ele

rua lamacenta
agora, o rio
nítida, a paisagem
(desolação)

onde recomeça o rio?
muito distante daqui
dizem-me
sem mensurar distâncias
nem me olhar nos olhos

(“estranhas formas de vida”, Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)


vias oblíquas

depois que a mulher voejou
levando consigo a
claridade dos cômodos e
décadas coabitadas, o
marido, no escuro
ensimesmado
deixou o cabelo crescer, o
mato tomar conta dos
canteiros, o
pó cobrir móveis e assoalhos

sete luas após a mulher
levar consigo a sonoridade
da alcova, o marido
às claras e resoluto
reagiu
engaiolou dez pássaros e
registrou em cartório o
certificado de propriedade
dos novos moradores
(garantia do controle de vôos e
ingresso permanente a
concertos privados)

“estranhas formas de vida”, (Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)


o neto e o avô

lentos, seguem
os pequeninos pés
dos grandes pés ao lado

inseguros e próximos
em seu início o primeiro
o outro no seu final

sabem-se (?), ambos, reféns
da inexorável marcha e
(des)cuidados alheios

“estranhas formas de vida”, (Dobra/Alpharrabio Edições, 2015, SP)


Dois Poemas Inéditos, do livro ‘Tempo em Fuga”, a sair

ausência

teu nome bordado
enxuga-me o corpo
doído de ausência

o cheiro de sol
e gosto de alfazema
lembram
não mais agasalham

uma casa segue
teimosamente
igual, enganosamente
igual, sem a alma
nem as mãos que
um dia a arquitetaram

no vazio, a
evocação da presença
as marcas da presença
e a opressão dos objetos
sem o sentido original

plantas, móveis, louças
não mitigam saudades
nem preenchem
ausências

uma casa segue
teimosamente
à busca
de quem não mais


capacidade de abstração
ou pontos de vista

criança
pacientemente
acompanhava
o caminhar das formigas
lagartixas, lesmas
coisas e seres
rasteiros

o universo circunscrito
ao alcance da vista
sem metafísica ou subjetivismo
(conhecer era
concretamente
ver)

provecta
pelas nesgas permitidas
espia o firmamento
na cidade que o nega

desejos de amplidão
recria o que vê
escreve e projeta
além do visto
além do prazo

*

V(l)er mias no blog

Balbúrdia PoÉtica https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/

BalBúrdia PoÉtica 10

Poesia Ali Na Mesa

Casa da Palavra – Santo André-SP

Dias 12 de julho das 14 às 19h

Praça do Carmo, 171

Curadoria:

Artur Gomes, Cesar Augusto de Carvalho, Julio Mendonça, Jurema Barreto e Silvia Helena Passarelli

Homenagens:

Poesia Viva: Dalila Teles Veras

a memória de Antônio Possidônio Sampaio, Francis de Oliveira e Wilma Lima

exposição - livros - roda de conversa - performances - homenagens

*

Balburdiar : Eis O Verbo

Balbúrdia significa desordem barulhenta; vozearia, algazarra, tumulto. É isso que se propõe realizar na Casa da Palavra, em Santo André, em 12 de julho.

Projeto do multiartista Artur Gomes que passa por diversas cidades brasileiras, especialmente no eixo Rio – São Paulo, a Balbúrdia Poética chega a Santo André propondo ser um local de reflexões, trocas e muita poesia.

Poetas confirmados:

Abel Coelho + Ademir Demarchi + Alessandro de Paula + Antonio Carlos Pedro +Armando Liguori Jr. + Arnaldo Afonso + Augusto Contador Borges + Beth Brait Alvim + Betty Vidigal + Carlos Galdino + Carolina Montone + Cleber Baleeiro + Décio Scaravelli + Danihell TW + Dilène Barreto + Dione Barreto + Elcio Fonseca +Franklin Valverde + Urbanista Concreto + Ieda Estergilda Abreu + Ingrid Morandian + Jane Arruda de Siqueira + Julio Bittar + Junior Belle + Luisa Silva de Oliveira + Luiz Henrique Gurgel + Marcelo Brettas + Marise Hansen + Paulino Alexandre + Remisson Anicetto + Roberto Bicelli + Rosana Venturini + Roza Moncayo + Vera Barbosa + Vlado Lima

22 99815-1268 – zap

fulinaima@gmail.com

@fulinaima @artur.gumes – instagram

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https://fulinaimagens.blogspot.com/


*

Casa da Palavra

Aconchego de vozes

gentes, livros vivos.

Jardins de palavras

germinando das bocas

as paredes impregnadas

da vontade de reunir

seduzir, alimentar

a poesia de todo dia.

A Casa vibra

melodia de encontros.


O que há de vermelho no mundo?

                              para Marielle Franco

                                  e Anderson Gomes

O que há de vermelho no mundo?

Sol nascendo num horizonte oceânico

as rosas no jardim do vizinho

a rua de hibiscos e tulipas-africanas.

Sedosas maçãs, caquis, tomates

brilhando na feira de domingo.

A escultura sinuosa de Tomie Ohtake

ora infinito, ora fita ao vento.

O deserto de Atacama ao entardecer.

Bandeiras tremulando indignadas.

Terras férteis onde o café

amadurece seus grãos.

O sorriso encarnado da moça

o lenço na cabeça, o sonho.

O rastro de fogo e ódio

que sai da arma e entra

na pele morena e na pele branca

tingida em sangue e silêncio.

Atração

Caminho cuidadosa entre os livros

que não são meus, por hora.

Fito-os com flerte de enamorada

insinuo-me desinteressada

espero que um deles me chame

com seu silêncio cheio de significados.

Inquietude voraz de novas aventuras

novas palavras que venham somar-se

na construção desta teia

onde capturo eternidades.

Caminho cuidadosa entre os livros

que me sussurram carícias

estremeço delícias e arrepios.

Um livro que não seja sombrio,

que faça promessas e as cumpra,

acordando, deste sono provisório,

a vontade sincera de viver.


Dádiva


Amo as palavras

que resistem à força

diabólica do tempo,

secam as garrafas de vinhos nobres.

Estranhas criaturas de fúrias e carícias

me invadem poros e narinas, as palavras.

Levo nas unhas o sangue e a pele

das metáforas dilaceradas.

O esquecimento é dádiva negada.

Mortifico-me buscando cheiros,

sabores, desenhos, sensações,

a palavra que sedimentará o verso.

Amo as palavras

que emprestam o grito à dor

o calor à paixão

a vida às imagens mortas e frias.

Torno-me eterna

artesã que não descansa a mão

não sossega a memória.

Vigio dia após dia,

amamento palavras exiladas

chegadas

sinuosas e em desespero

que encontram seu lugar

no tear de emoções

e descansam no poema.

O futuro é infinito recomeço.

Jurema Barreto de Souza

(in Silêncio Escrito – 2024)

*

Na lona


Quando ele me morde a nuca

arrepio salto mortal

garras, kama sutra, tigre do Nepal.

Nesta hora nem sei se há tigres

nem onde é o Nepal, tudo circo

domador e domada, cinqüenta graus.

Toda rima é casual

contorcionista, de ponta cabeça

o mundo parece que é normal.

Maçã do amor, lambuzada

a boca fresca de água recente

indecente sorri do perigo

do grito, só mágicas, sem mitos.

Uma bailarina suspensa

no arco invisível que salta

sobre o cavalo branco

em círculos na serragem do tempo.

Trapezista confio na mão do artista

no espaço vazio a cada momento

sou outra para que ele tenha

em mim todas as mulheres.

Os meus livros

Os meus livros me conhecem

pelo tato quando os toco

arrepiando suas páginas

como um gato fiel a casa,

casa que sou das palavras

das histórias que li de outros

dos poemas que escrevi de mim.

Os meus livros me olham

quando entro na sala

e sabem que os amo no silêncio

passando os dedos por suas lombadas.

Os meus livros passaram comigo

pelas provas de fogo da vida

pelas angustias de crescer.

Janelas, me deram paisagens.

Oráculos, me deram respostas.

Naves, me deram viagens interestelares 

e fugas mágicas rumo a alegria.

Meus livros que me conhecem

impregnados estão da minha vida

aqueles que li e os que escrevo

darão, a quem interessar possa,

breves notícias de mim.

Jurema Barreto de Souza

(in Policromia – 2010)

*


*

Sonhos com búfalos

eram sonhos com búfalos as conversas largadas

no meio da noite

o peito incrustado de palavras calcando passos

os vizinhos do andar de cima

da janela, ar abafado

os rumores de buzinas atravessando a pele

os dedos tateando o carpete, cigarro?

o peito incrustado de palavras calcando passos

eram sonhos com búfalos as conversas

largadas no meio da noite

os vizinhos do andar de cima andam de um lado para o outro

gargalham

a cabeça rodopia com versos e tonalidades quebradas

tento vociferar, a voz treme

risco na lousa o meu nome

a letra entorta e não cabe no quadro negro

assim como não cabem nossas sentenças no caderno

mesmo que eu dobre todas as vírgulas

há invernos por entre as pernas impedem nosso caminhar

os vizinhos do andar de cima silenciam

escrevo para eles sobre o voo da gaivota,

no último verão vi a ave assinalar o céu

e despertou o riso de dentro,

vi o riso

escrevo para que saibam,

recebi o ramalhete e o vinil

adormeci segurando o copo

soletro na escuridão todos os poemas

escritos nas paredes, todos os versos arrancados

tentei disfarçar as estrofes sobre o amor

os pigmentos de rimas e algumas tolices 

não creio no verso todo poderoso

cansada das histórias desbotadas

e continuar o (r)existir e o chiado da vitrola

o silêncio se aninha nos tacos da sala

mais uma noite insone

os vizinhos do andar de cima aguardam

*

Mais uma vez insone

contou no teto 21 noites insones

os riscos traçados nas paredes

não traduziam os tumultos da mente

no breviário das horas

o louvor à algum deus

os poucos telefonemas e cartas

recendiam a lembranças

toda a tarde o silvo do trem

dilaceramento das palavras no dia desbotado

inteiramente só

no cerne do meu quarto os papéis enferrujados

viver por inteiro é esgotar-se

derrubar os muros de dentro

permanência

todos os relógios param as 17h

todas as vírgulas suspensas as 17h

quarto inabitado, aprendizado aos 50

uma casa esconde o mistério das mãos

na pauta da noite ainda somos pequenos demais

para acreditar

*

A casa vazia


farta de tentar decifrar tua mudez,

apeteci teus olhos tão azuis

o cascalho do coração criou um precipício,

mergulhei na vertigem da caminhada,

escadas e labirintos

negaste a palavra primeira

negaste a força

que proporia um movimento seguro

negaste o primeiro passo

e o corpo na derradeira travessia

a casa castiga todas as penitências

somadas nas paredes

lembra dos discos que trouxemos?

hoje, guardados no armário da memória

a duração dos dias e noites revelaram

o quão inquebrável é o amor

o lado continental da casa

abriga grãos de conversas e cartões postais

há de se esvaziar do todo

existem as falésias

que cobrem o meu rosto,

o mesmo rosto

que reflete nos teus olhos a desordem

*

Os Montes


permitiste que o oráculo fechasse as portas dos olhos,

somente Deus poderia desfazer a xilogravura da parede

a gravura retrata as lavadeiras de Minas, a terra dos Montes

as mãos das lavadeiras transpõem a corredeira vinda do povoado

migram teu corpo translúcido para o cativeiro

descalça, confabulo com o misticismo das águas das lavadeiras

não ouço os gritos nos montes,

com o chamado do boiadeiro foi-se a lucidez do dia,

as lavadeiras vão embora

imagens de uma memória: casas pequenas, o olhar vago

materno rasgando por dentro

nos meus escritos me liberto

o silêncio desintegra os diálogos da minha irmã

o silêncio mimetiza os dedos da mãe morta


Ingrid Morandian

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Balbúrdia PoÉtica

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/

*

Medo


Não espere de mim

um sorriso a todo instante.

Não tenho o que oferecer

além das palavras mudas

que meus lábios de ferro hospedam.

O medo inóspito dentro do coração.

O medo meu Deus, quanto medo!

Do resfolegar do vento nas folhas

do ladrar medroso dos cães

nas ruas escuras.

O medo de desarmar-me das palavras

que machucam e ferem

como braços de sombras empunhando

espadas e coronhas cavalgando

em meus olhos medrosos

fixos, em algum lugar do céu.


Gestação


Gestamos as palavras

crescemos

nos gestos podados

na relva umedecida

de nossa pele açoitada.

Silenciamos nossos sentimentos

sob o chicote das palavras

marcamos nossos ombros estreitos.

Crescemos

assim, infestados

de traças, trapaças, mazelas.

Gestamos dentro de nós

a força única da palavra

que embora não dita

há de vigorar.


Não sou uma estrela 


Não sou uma estrela

tampouco

espaireço ou pairo no ar.

A glória é ter o dom da palavra

escrita e desprezada

no túmulo entreaberto

que expele ares fétidos

do caderno embolorado.

Mortes, sortes, anseios,

Seios trêmulos de quem?

Emoções? Nenhuma.

As palavras me eternizam.

Maldigo os dias, praguejo as noites

crendo e descrendo

dos poucos poderes divinos.

Acomodo-me na incapacidade

na cidade, no bairro

e todos os gestos são mudos.

Permaneço estarrecida ao olhar-me

cara a cara

e perceber que permaneço

imbecilmente humana.

Somente.


Francis de Oliveira

In coletânea IV Subvertida Palavra

Edições Livrespaço - 1988

*


Balbúrdia PoÉtica 10 - Casa da Palavra - Santo André-SP

    Dalila Teles Velas Poesia Viva – poeta homenageada na Balbúrdia PoÉtica 10 – Dia 12 de julho das 14 às 19h – Casa da Palavra – Praça do ...