Vira Lata
chega das caretices e dos puxa saquismos
das divindades caídas
dos reinos unidos fragmentados
dessa porra desse computador
Ai que saudades
das simplicidades sem vistorias
de águas paradas, porém,
livres e libertas
da negra do cachimbo
do sertão agreste
sem veredas
das tabernas
de Máximo Gorki
da merda sem parasitas
do homem
do humano
que escarrou e sujou o tempo
embaçou os vidros
com seu hálito fétido
medidas inexpressivas
fazem
essa espécie híbrida,
incapaz, sonolenta,
sorrir.
com seus dentes amarelados, cheio de cáries...
eu vou pra Tucumã
aliciar meus tormentos
dormir com as cabras
e fuder com os jumentos
Luiza Silva Oliveira
*
CISÃO
Estar neste mundo
é estar dividido entre o dentro
e o fora,
entre a vida
e o ir-se morrendo.
É desejar ardentemente religar-se,
unir suas partes
e sentir o horror desta impossibilidade.i
Estar neste mundo
é a todo instante ter de optar.
decidir...
Insegurança constante
claroescuro,
lusco-fusco que entorpece,
cava um abismo por entre as percepções,
os sentimentos,
e a seta ao longe prenunciando a morte.
Qual equilibrista,
num átimo de segundo,
é preciso decidir se o pé vai à direita,
à esquerda
ou um pouco mais à frente.
Ato que determinará o próximo passo,
ou,
se mergulhará
no nada.
*
VOO
Num galho solitário
de uma árvore qualquer,
as marcas recentes
de um voo interrompido.
*
APENAS SER
Às vezes me pego
olhando
para uma pedra,
uma flor,
invejando sua existência.
Não sonham,
não desejam,
não se frustram.
São o que são.
Ainda quando
se transformam
em buque
ou escultura,
continuam pedra
e flor.
Mais evoluidas,
não se deixam
influenciar por nada.
Mantêm-se na sua
serena sabedoria:
sem aflições inúteis,
sem exacerbadas tristezas.
Ser a pedra
ser a flor
nao ser "eu"
Apenas ser.
*
NINGUÉM VÊ
No limbo da pedra,
no fosso,
no fundo,
escorrem lágrimas
vermelhas
que repousam
coaguladas,
no esquecimento
das pequenas fissuras.
Ninguém vê.
Como se não houvesse choro,
nem pedra,
nem gente.
Ninguém vê
ou sente.
*
UNÍSSONO
súbita
solidão
soluça
silenciosamente
no cio sem solução
sem sol
---unção
…………………………………….
escorre dos dedos
como notas musicais volatizadas
o testemunho do gozo solitário
Roza Moncayo
*
SENTENÇA
faz muito tempo que eu venho
nos currais deste comício,
dando mingau de farinha
pra mesma dor que me alinha
ao lamaçal do hospício.
e quem me cansa as canelas
é que me rouba a cadeira,
eu sou quem pula a traseira
e ainda paga a passagem,
eu sou um número ímpar
só pra sobrar na contagem.
por outro lado, em meu corpo,
há uma parte que insiste,
feito um caju que apodrece
mas a castanha resiste,
eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita
Salgado Maranhão
Lidiane Carvalho Barreto na Balbúrdia PoÉtica 9 falando o poema Itabapoana Pedra Pássaro Poema de Artur Gomes
12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ
tabapoana Pedra Pássaro Poema
uma metáfora
não é apenas uma metáfora
quando a pedra é pássaro
em gargaú
às 5 horas da tarde
as garças voam
em direção
ao outro lado da pedra
em guaxindiba
tenho em mim
que pássaros voam
peixes nadam
quando procuram
outro pouso
bracutaia eterna lenda
estranho pássaro
da pedra ouviu o grito
que voou de gargaú pro infinito
Artur Gomes
poema do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema
V(l)er mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/
Hoje
Balbúrdia PoÉtica 9
No Café Literário – 14h
12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ
Artur Gomes convida:
Clara Abreu + Grupo Gotta + Jailza Mota + Joilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Paulo Victor Santana + Reubes Pess + Rossini Reis
Artur Gomes convida:
Clara Abreu + Grupo Gotta + Jailza Mota + Joilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Paulo Victor Santana + Reubes Pess + Rossini Reis
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
uma metáfora
não é apenas uma metáfora
quando a pedra é pássaro
em gargaú
às 5 horas da tarde
as garças voam
em direção
ao outro lado da pedra
em guaxindiba
tenho em mim
que pássaros voam
peixes nadam
quando procuram
outro pouso
bracutaia eterna lenda
estranho pássaro
da pedra ouviu o grito
que voou de gargaú pro infinito
Artur Gomes
Do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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Nome II
Diria que amor não posso
dar-te de nome, arredia
é o que chamas de posse
à obsessão que te mostra
ao vale de minhas coxas
e maior é o apetite
com que te moldes as entranhas
este fruto que se abre
e ele sim é que te come,
que te come por inteiro
mesmo não sendo repasto
o fruto teu que degluto
que de semente me serve
à poesia.
Olga Savary
Destino
O destino
levou o lar da minha infância embora.
Crepúsculo
de pétalas de rosas
E o
alvorecer cinzento se aproxima
O jogo da
amarelinha
Os passos
largos do meu pai
O perfume
ordinário da minha mãe
Vestiu
seu vestido de organza branco
foi fazer
primeira comunhão
mas a
hóstia sangrou na sua boca
temerosa
escondeu-se em labirintos
Depois,
entre ventanias e tempestades
calçou
seus sapatos esfarrapados
e vestiu
seu vestido de bolinhas amarelas
brincou
com Sonia, beijou Dona Celedonia
mas
sempre morou na casa dos fundos
vivendo
no anonimatato
morou no
jardim da luz
entre
florzinhas na mão com seu irmão
tirou um
retrato de sua infancia
sua mãe,
seu pai
acolheram
seus cachos
mas
sempre catando seus piolhos
Deu um
pulo pra outros tempos...
dançou a
valsa com príncipes
marejou
seu semblante de ilusões
visitou
castelos medievais
e namorou
Machado de Assis
Mas
apaixonada por Dostoievski
casou-se
com ele
mas o
casamento não durou
ele se
matou
desencantada
, desmoronou
refugiou-se
entre muralhas medievais
mas os
príncipes nunca a deixaram em paz
adormeceu
profundamente no tempo
e só
despertou
nas
cavernas do tempo
qdo
descobriu
amores da
ancestralidade
brincou
em céus invisíveis
se
enamorou de Nirvana
mas suas
saias rasgaram
e
ficaram presas nas rodas gigantes da vida
saiu
ilesa
mas seu
corpo ficou emaranhado
nas
feridas do tempo
onde as
cicatrizes perduram até hoje
sua
poesia
inundada
no sangue
avermelhou
e reluziu
aqui jaz
o juízo
final
Luiza
Silva Oliveira
*
Miniconto
7
“As bocas São Irmãs parte 2”
No vai e vem daquela avenida
Avistou desprevenida
Em cada fulano “fodido “ da vida
Em cada fulana “ fodida “da vida
Em cada fulane “fodide “ da vida
O choro contido
ilícito
feito o uísque contrabandeado do boteco “ pé sujo “ da
esquina …
Engoliu as próprias lágrimas, num copo americano
Café requentado
no balcão
da desilusão
Enquanto gozava de apenas uma certeza
“ Em terra de cego “ quem tem “ um olho “ por vezes está mais
“ fodido ainda “
Carolina Montone
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