domingo, 1 de junho de 2025

Poesia Ali Na Mesa - Balbúrdia PoÉtica 10

Vira Lata

 

chega das  caretices e dos puxa saquismos

das divindades caídas

dos reinos unidos fragmentados

dessa porra desse computador

 

Ai que saudades

 

das simplicidades sem vistorias

de águas paradas, porém,

livres e libertas

da negra do cachimbo

do sertão agreste

sem veredas

das tabernas

de Máximo Gorki

 

da merda sem parasitas

do homem

do humano

que escarrou e sujou o tempo

embaçou os vidros

com seu hálito fétido

 

medidas inexpressivas

fazem

essa espécie híbrida,

incapaz, sonolenta,

sorrir.

com seus dentes amarelados, cheio de cáries...

 

eu vou pra Tucumã

aliciar meus tormentos

dormir com as cabras

e fuder com os jumentos

 

                Luiza Silva Oliveira

*

CISÃO

 

Estar neste mundo

é estar dividido entre o dentro

e o fora,

entre a vida

e o ir-se morrendo.

 

É desejar ardentemente religar-se,

unir suas partes

e sentir o horror desta impossibilidade.i

 

Estar neste mundo

é a todo instante ter de optar.

decidir...

Insegurança constante

claroescuro,

lusco-fusco que entorpece,

cava um abismo por entre as percepções,

os sentimentos,

e a seta ao longe prenunciando a morte.

 

Qual equilibrista,

num átimo de segundo,

é preciso decidir se o pé vai à direita,

à esquerda

ou um pouco mais à frente.

 

Ato que determinará o próximo passo,

ou,

se mergulhará

no nada.

 

*

 

VOO

 

Num galho solitário

de uma árvore qualquer,

as marcas recentes

de um voo interrompido.

 

*

 

APENAS SER

 

Às vezes me pego

olhando

para uma pedra,

uma flor,

invejando sua existência.

 

Não sonham,

não desejam,

não se frustram.

 

São o que são.

 

Ainda quando

se transformam

em buque

ou escultura,

continuam pedra

e flor.

 

Mais evoluidas,

não se deixam

influenciar por nada.

 

Mantêm-se na sua

serena sabedoria:

sem aflições inúteis,

sem exacerbadas tristezas.

 

Ser a pedra

ser a flor

nao ser "eu"

Apenas ser.

 

*

NINGUÉM VÊ

 

No limbo da pedra,

no fosso,

no fundo,

escorrem lágrimas

vermelhas

que repousam

coaguladas,

no esquecimento

das pequenas fissuras.

 

Ninguém vê.

Como se não houvesse choro,

nem pedra,

nem gente.

 

Ninguém vê

ou sente.

*


UNÍSSONO

 

súbita

solidão

soluça

silenciosamente

no cio sem solução

sem sol

---unção

 

…………………………………….

 

escorre dos dedos

como notas musicais volatizadas

o testemunho do gozo solitário

 

                              Roza Moncayo

*


um encontro com o meu irmão
Salgado Maranhão vale mais de um milhão

*

SENTENÇA


faz muito tempo que eu venho
nos currais deste comício,
dando mingau de farinha
pra mesma dor que me alinha
ao lamaçal do hospício.
e quem me cansa as canelas
é que me rouba a cadeira,
eu sou quem pula a traseira
e ainda paga a passagem,
eu sou um número ímpar
só pra sobrar na contagem.

por outro lado, em meu corpo,
há uma parte que insiste,
feito um caju que apodrece
mas a castanha resiste,
eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita

Salgado Maranhão



Lidiane Carvalho Barreto na Balbúrdia PoÉtica 9 falando o poema Itabapoana Pedra Pássaro Poema de Artur Gomes
12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ

tabapoana Pedra Pássaro Poema

uma metáfora
não é apenas uma metáfora
quando a pedra é pássaro

em gargaú
às 5 horas da tarde
as garças voam
em direção
ao outro lado da pedra
em guaxindiba
tenho em mim
que pássaros voam
peixes nadam
quando procuram
outro pouso

bracutaia eterna lenda
estranho pássaro
da pedra ouviu o grito
que voou de gargaú pro infinito

Artur Gomes
poema do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema

V(l)er mais no blog

https://fulinaimagens.blogspot.com/

Hoje

Balbúrdia PoÉtica 9

No Café Literário – 14h

12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ 

Artur Gomes convida:

Clara Abreu + Grupo Gotta + Jailza Mota + Joilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Paulo Victor Santana + Reubes Pess + Rossini Reis

 

Artur Gomes convida:

Clara Abreu + Grupo Gotta + Jailza Mota + Joilson Bessa + Lidiane Carvalho Barreto + Maycon Maciel + Paulo Victor Santana + Reubes Pess + Rossini Reis

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

 

uma metáfora

não é apenas uma metáfora

quando a pedra é pássaro

 

em gargaú

às 5 horas da tarde

as garças voam

em direção

ao outro lado da pedra

em guaxindiba

tenho em mim

que pássaros voam

peixes nadam

quando procuram

outro pouso

 

bracutaia eterna lenda

estranho pássaro

da pedra ouviu o grito

que voou de gargaú pro infinito


Artur Gomes

Do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema

V(l)er mais no blog 

https://fulinaimagens.blogspot.com/

                 Nome II

 

Diria que amor não posso
dar-te de nome, arredia
é o que chamas de posse
à obsessão que te mostra
ao vale de minhas coxas
e maior é o apetite
com que te moldes as entranhas
este fruto que se abre
e ele sim é que te come,
que te come por inteiro
mesmo não sendo repasto
o fruto teu que degluto
que de semente me serve
à poesia.

 

                         Olga Savary


Destino

 

O destino levou o lar da minha infância embora.

Crepúsculo de pétalas de rosas

E o alvorecer cinzento se aproxima

 

O jogo da amarelinha

Os passos largos do meu pai

O perfume ordinário da minha mãe

 

Vestiu seu vestido de organza branco

foi fazer primeira comunhão

mas a hóstia sangrou  na sua boca

temerosa escondeu-se em labirintos

 

Depois, entre ventanias e tempestades

calçou seus sapatos esfarrapados

e vestiu seu vestido de bolinhas amarelas

brincou com Sonia, beijou Dona Celedonia

mas sempre morou na casa dos fundos

vivendo no anonimatato

 

morou no jardim da luz

entre florzinhas na mão com seu irmão

tirou um retrato de sua infancia

sua mãe, seu pai

acolheram seus cachos

mas sempre catando seus piolhos

 

Deu um pulo pra outros tempos...

 

dançou a valsa com príncipes

marejou seu semblante de ilusões

visitou castelos medievais

e namorou Machado de Assis

 

Mas apaixonada por Dostoievski

casou-se com ele

mas o casamento não durou

ele se matou

 

desencantada , desmoronou

refugiou-se entre muralhas medievais

mas os príncipes nunca a deixaram em paz

adormeceu profundamente no tempo

e só despertou

nas cavernas do tempo

qdo descobriu 

amores da ancestralidade

brincou em céus invisíveis

se enamorou de Nirvana

mas suas saias rasgaram

e ficaram  presas  nas rodas gigantes da vida

saiu ilesa

mas seu corpo ficou emaranhado

nas feridas do tempo

onde as cicatrizes perduram até hoje

 

sua poesia

inundada no sangue

avermelhou e reluziu

 

aqui jaz

o juízo final

 

Luiza Silva Oliveira

*

Miniconto 7

“As bocas São Irmãs parte 2”

No vai e vem daquela avenida
Avistou desprevenida
Em cada fulano “fodido “ da vida
Em cada  fulana “ fodida “da vida
Em cada fulane “fodide “ da vida
O choro  contido
ilícito
feito o uísque  contrabandeado do boteco “  pé sujo “ da esquina  …
Engoliu as  próprias lágrimas,  num copo americano
Café requentado
no balcão
da desilusão

Enquanto gozava de apenas uma certeza   
“ Em terra de cego “ quem tem “ um  olho  “ por vezes  está mais “ fodido ainda “  


                       Carolina Montone

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