quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

olhares sobre as poéticas de Artur Gomes

 

 Impressões (iniciais)

de "Pátria A(r)mada":

Por Nic Cardeal

 Ademir Assunção está corretíssimo - sua poesia, Artur, não é literatura que se conforma em permanecer apenas nas páginas de um livro, pois a sua palavra é feita muito mais de som - de GRITO! - do que de apenas letras grafadas sobre o papel. E esse som entra não somente pelos ouvidos, mas também transpassa através da pele e por toda a cartografia do corpo, como uma tatuagem latejante, marcando fundo todas as suas texturas, até alcançar as veias, os veios, misturando-se ao sangue, à seiva nossa de cada dia, para finalmente alimentar a alma com força, resistência, e também com a revolta/dor necessária à sobrevivência da esperança! Em "Pátria A(r)mada" essa revolta é imensa, diretamente proporcional aos absurdos do capitalismo que nos tem devorado em variados âmbitos e sentidos. Sua inquietude poética é a força necessária para que não sucumbamos nos abismos do conformismo e da resignação, e possamos seguir adiante, ainda que os tempos estejam cada vez mais obscuros... mas há também o amor (ainda bem!), sobreposto à miséria da realidade nua e crua de um país despedaçado e submisso às mais variadas formas de violência daqueles "poderes" desumanos, armados até os dentes... Muito bem escolhido o título do livro, que de "Pátria amada" foi transformado em "Pátria armada", retrocedendo a um fascismo nojento após o golpe explícito de 2016. A sua denúncia é política, social, cultural, humanitária, ética, estética - e poética! Lerei muitas outras vezes, para absorver com mais vagar cada poema! Parabéns!

Sua poesia é viva - e é vida! Adorei! Grande abraço!


Ontem no Sarau Baião de Dois

AO ARTUR(Artur Gomes) COM CARINHO.


Meu caro Artur, Artur Gomes. Não foi possível comparecer para te abraçar conforme era o meu desejo e o seu também. Mas fiquei com você o dia todo em meu pensamento. Relembrei sua trajetória de lutas e conquistas. Relembrei o carinho e admiração que meu pai tinha por você desde o Jornal de Campos e Um Instante No Meu Cérebro(aliás, Dr. Renato Aquino, ontem, ao encontrar-se comigo, pediu-me que desse um abraço por ele também, abraço carregado de admiração deste os tempos da Escola Técnica Federal...).

Nossos encontros nos bons tempos dos bares da vida, da poesia rasgada, do violão solidário parceiro entre primas e bordões... Lembrei-me de sua presença forte e marcante com sua poesia sensual erotizando e deixando vir à flor da pele e entrando pelos poros e eriçando os pelos do tecido social conservador e dos costumes conservadores e as vezes hipócritas da colonial moral da planície, ó libidinoso fauno...

No teatro das minhas lembranças, te vi nos palcos com seu atrevimento poético e sua figura -entre apolínea e dionisíaca - dominando a cena ao dizer sobre sobre o doce mel do prazer da carne, o suave cheiro do açúcar dos nossos doces, e como um guerreiro goitacá zangado, apontando a flecha para os exploradores do povo, e denunciando o amargo sabor dos desgovernos de nossas elites dirigentes...e isso com a coragem dos nossos quilombolas - que foram tantos - porque vivíamos em pleno período da ditadura militar e civil-empresarial em nosso país! Também vieram amenidades de nossos papos descontraídos sobre mulheres, música, cachaça e outras cositas mais, que ninguém é de ferro (desculpe o momento de erudição, mas já dizia Nietzsche "a arte existe para que a realidade não nos destrua"). 


Também desfilaram pelos campos do pensamento nossos encontros nos campos de futebol, eu do meu jeito, e você com jogadas refinadas de quem foi moleque jogando pelada nos campinhos e terrenos baldios que outrora existiam por toda parte, não é mesmo? Há quem jure ter visto  você falando para a bola: "Vem, Poema número II"...


E foi então que apareceu ao Professor e atento historiador da cultura campista, entre o ofício e o deslavado amor à Terra, o Artur conquistador de um belo espaço no cenário cultural do país com um reconhecimento de muitos aplausos pelos diversos cantos e antologias atestando sua presença consagrada, embora você nem ligue pra isso e muitos conterrâneos infelizmente nem deram conta disso... e você continua andando pra baixo e pra cima pelas ruas de sua cidade esbanjando o vigor dos sexogenários ... como também o sou. E o que dizer de suas músicas, belas parcerias e instigantes participações e vitórias No Tempo dos Festivais?


E agora, como é lindo ver o meu filho Helinho estar atento ao seu trabalho e me dizer: Papai, admiro muito a arte, o talento do Artur!

Viu, Gato Velho, tá ficando que nem vinho bom, hein? Passando de geração em geração. E tenho certeza de que assim permanecerá na alma de nosso povo por muitas e muitas gerações: isso é o que acontece com quem escreve sua biografia no Bronze da História!

Além do abraço forte, tipo abraço de Homem da Baixada - que aperta forte em cima mas não deixa que se toquem as partes "de baixo"-, era mais ou menos isso que eu queria te falar. Taí o meu abraço e o meu carinho por você. Em 29 de agosto de 2015.

Hélio de Freitas Coelho

 


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