sábado, 4 de janeiro de 2025

Carne Viva

Incontinência Verbal

 

                     eles tentaram

 além de nos calar/apagar

 um espaço/tempo

 do país onde nascemos

viemos dos

40 50 60 70 80 90 2000

o que vivemos

 o que fizemos

o que fazemos

onde estamos

o que faremos

pra onde  iremos

 o que sabemos

incomoda/desconforta

 conhecimento liberta

é porta aberta

 e não um vão estreito

               em cada porta 


Artur Gomes

in Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim

leia mais no blog

https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/

*

Fernanda Torres, ganha o Globo de Ouro – Melhor Atriz pelo filme Ainda Estou Aqui

 

A grandiosa FERNANDA TORRES levou o GLOBO DE OURO. Soube agora, e já acordei chorando. Que grande emoção! Choro principalmente por ela, que construiu um personagem perfeito, baseado na contenção de emoções. Choro por sua rica trajetória de atriz. Choro também por FERNANDA MONTENEGRO, essa mãe da TORRES, que também é nossa mãe, por nos ter proporcionado tanta beleza nas artes. Por ainda nos emocionar tanto, com seu raro talento, do alto dos seus mais de 90 anos. Que exemplo de mãe Fernanda Torres teve o privilégio de seguir. Choro também por Marcelo Rubens Paiva, que soube transformar sua dor, a dor de Eunice Paiva, de seu pai e de sua família em arte, entregue ao grande Walter Salles. Choro por esse filme magnífico que denuncia, com tanta beleza, uma das épocas mais tenebrosas da História do nosso País, que há pouco tempo poderia voltar, certamente de forma ainda mais sanguinária, se não fosse a força divina orientando homens lúcidos, honestos e corajosos. Choro por nós, brasileiros, que merecemos apresentar nossa potente Arte ao mundo, para além do futebol, e das tão exploradas e monótonas bundas. Choro por mim, poeta e artista, que sabe o valor de transformação humana das artes. Viva o cinema brasileiro!

 

Carmen Moreno

Poeta – Escritora 


1º de Abril

 

telefonaram-me

      avisando-me

      que vinhas

na noite

uma estrela

ainda brigava

contra a escuridão

 

na rua sob patas

                    tombavam

homens indefesos

 

esperei-te 20 anos

até hoje não vieste

        à minha porta

 

Artur Gomes

in Suor & Cio – 1984

Publicado pela primeira vez no livro Suor & Cio 1984/1985 – 20 anos depois do Golpe de 1964 – esse poema está gravado no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia,  publicado também na antologia pessoal Pátria A(r)mada 2019 e 2022, já esteve exposto em diversas Mostras de Poesia Visual, Brasil afora, está presente em fanzines na seção de arquivos da Biblioteca Nacional  e é um dos meus poemas selecionados para o livro Balbúrdia PoÉtica Livro e Manifesto.

Leia mais no blog

Pátria A(r)mada

https://arturfulinaima.blogspot.com/


 

                        ENGENHO

 

minha terra

é

de senzalas tantas

enterra em ti

milhões de outras esperanças

soterra em teus grilhões

a voz que tenta – avança

plantada em ti

como canavial

que a foice corta

mas cravado em ti

me ponho à luta

mesmo sabendo – o vão

- estreito em cada porta

 

Artur Gomes

Em 1984 poemas meus foram publicados na Antologia Carne Viva, organizada por Olga Savary, considerada a primeira Antologia de poesia erótica publicada no Brasil, com a presença de poetas como Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Affonso Romano de Sant´Anna, etc.

 

ontem 3 janeiro 2025, assisti o depoimento de Sergio Ferro, dado ao Tutaméia https://tutameia.jor.br/ Sergio Ferro é arquiteto desenhista. No período da ditadura civil/militar 1964/1985 era professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Chegou a atuar como estagiário nos canteiros de obra de Brasília. Perguntado sobre as possibilidades de um mundo melhor, ele não teve dúvida em apontar o trabalho do MST - movimento dos sem terra e movimento dos sem teto. Inclusive afirmando que na França onde ainda mora continua a ajudar na divulgação desses dois movimentos. Se formos pensar profundamente a questão, vamos chegar a conclusão que o golpe de 1964 se dá pelo temor das Reformas de Base, formuladas pelo presidente João Gulart, e isso explica porque imediatamente logo no primeiro Ato Institucional, é cassado o deputado trabalhista Rubens Paiva, em 9 de abril de 1964, e vem ser assassinado dentro do Doi-CODI que funcionava dentro do quartel da PE na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca - Rio de Janeiro.

 

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Balbúrdia Poética – livro e manifesto

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/


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